Tua mãe dava-te nomes pequenos, como se a maré os trouxesse com os caramujos. Ela queria chamar-te afluente-de-junho, púrpura-onde-a-noite-se-lava, branca-vertente-do-trigo, tudo isto apenas numa sílaba. Só ela sabia como se arranjava para o conseguir, meu baiozinho-de-prata-para-pôr-ao-peito.
Assim te queria. Eu, às vezes.
Eugénio de Andrade, in MEMORIA DE OUTRO RIO, 1976