terça-feira, 22 de junho de 2010

Mais Alto...










Mais alto, sim! mais alto, mais além

Do sonho, onde morar a dor da vida,

Até sair de mim! Ser a Perdida,

A que se não encontra! Aquela a quem


O mundo nao conhece por Alguém!

Ser orgulho, ser águia na subida,

Até chegar a ser, entontecida,

Aquela que sonhou o meu desdém!



Mais alto, sim! Mais alto! A Intangível

Turris Ebúrnea erguida nos espaços,

A rutilante luz dum impossível!


Mais alto, sim! Mais alto! Onde couber

O mal da vida dentro dos meus braços,

Dos meus divinos braços de Mulher!

Se tu viesses ver-me...

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,

A essa hora dos mágicos cansaços,

Quando a noite de manso se avizinha,

E me prendesses toda nos teus braços...


Quando me lembra: esse sabor que tinha

A tua boca... o eco dos teus passos...

O teu riso de fonte... os teus abraços...

Os teus beijos... a tua mão na minha...


Se tu viesses quando, linda e louca,

Traça as linhas dulcíssimas dum beijo

E é de seda vermelha e canta e ri


E é como um cravo ao sol a minha boca...

Quando os olhos se me cerram de desejo...

E os meus braços se estendem para ti...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A cada dia que passa...














A cada dia que passa,

sufoca-me esta solidão,

esta ausência contínua,

este silêncio gélido.




Já não encontro consolo

nas palavras dos poetas

e das músicas que oiço.


E perco voluntariamente

o telefone porque me doí

ouvir o som do (t)seu silêncio.

Intimidade - José Saramago



No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,


No búzio mais convolto e ressoante,
Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,


Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,

No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,


Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.

domingo, 20 de junho de 2010

Para Onde Vai O Meu Amor...



Me diz, me diz, me responde por favor

Pra onde vai o meu amor

Quando o amor acaba.


- Chico Buarque -

quarta-feira, 2 de junho de 2010

OPERAÇÃO - Luísa Ribeiro


escrevo-te um fragmento da minha pele

dou-te um pedaço de medula

um rim o sangue



transpiro o teu medo

e choro as tuas dores:



quero para ti os pés que calcam

as múltiplas flores do mundo

NOITE; DIA; PRINCÍPIO… DE TUDO

Noite,

és tão velha

que ninguém, jamais,

te viu nascer.

Dia,

como a noite,

só há testemunhos

do teu acordar.


Carlos Jesus Gil