quarta-feira, 17 de março de 2010

Tela de Sonhos que estalou ... [frases soltas]

(sussurrado)
Sabes, "Podia ser o fim de qualquer amor.
É sempre nos mesmos sítios." Miguel Esteves Cardoso
Sabes,
"O beijo perdeu-se (algures) entre a
(delirante)
(lenta)  corrida dos ponteiros do relógio..." F.R. ,   
"Ponho as mãos nas algibeiras e não 
encontro nada.  Antigamente tinhamos tanto que dar um ao outro". Eugénio de Andrade

                      (grito)
               "Olho assombrada as minhas mãos vazias".  Florbela Espanca

(exaltado)
Sabes,
"Já gastamos as palavras pela rua meu amor... e o que sobrou não chega para aquecer o frio de quatro paredes. Gastamos tudo menos o silêncio." Eugénio de Andrade

E agora, (Grito), agora "Que contas darás tu dessas vogais azuis tão apaziguadas?" Eugénio de Andrade    E agora? "Se, na travessura das Noites Eternas já confudimos tanto as nossas pernas,
[Grito, ]me conta, agora, como hei-de partir"? Chico Burque

segunda-feira, 1 de março de 2010

Futuros Amantes - Chico Buarque



Não se afobe, não,
Que nada é pra já.

O amor não tem pressa,
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário,
Na posta-restante,
Milênios, milênios
No ar.


E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa.

Os escafandristas virão
Explorar sua casa,
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos.
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas,
Mentiras, retratos,
Vestígios de estranha civilização.

Não se afobe, não
Que nada é pra já...
Amores serão sempre amáveis.

Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Olhos nos Olhos - Chico Buarque, 1976



"Quando você me quiser rever,
Já vai me encontrar refeita,
Pode crer!
Olhos no olhos, quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você passo bem demais
E que venho até remoçando.
Me pego cantando, Sem mais nem porquê.
E tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você".

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Silêncio (divagações sobre "Adeus" de Eugénio de Andrade)




A Eugénio de Andrade faltou-lhe descobrir
que às vezes até o Silêncio se gasta.

Ou que ás vezes ele por si só "gasta"
tudo o demais que ainda existia.

(F.R.- 27-12-2009)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

"Podia ser o fim de qualquer Amor" - 5º Parte

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As janelas altas estão todas a falar durante o tempo inteiro que lá está.


Quem sabe o que aconteceu? A luz entra a matar. Diz que sim. Diz que vai. É um dia de semana. Não há problemas. Não há atrasos. É um dia novo. Diz que sim. Pensando bem.
Com a vida inteira á frente como se nunca tivesse amado. Não. Não como se nunca tivesse amado. Na verdade como se nunca tivesse sido amado.
Porque afinal, à coisa mais pequena da vida morre a coisa maior."

"Podia ser o fim de qualquer amor" - 4ª Parte

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Em dia.Em dia de inverno, no fim de uma história. Sentado num banco de Hotel quase vazio, com um livro ao lado. O amor é uma forma de organização. Ocupa, arruma, decide por nós. Telefona-se antes de dormir, almoça-se de costas para o mar, discute-se tudo o que acontece. O amor. O amor tem os dias contados. Não se pode contar com a força dele.





Não se pode contar uma verdadeira história de amor. Quem é que a queria ouvir? Só uma história passada com outras pessoas. Só uma história parada antes de chegar ao fim.Os sítios sabem mais que as palavras. Diz que sim. A coisas acontecem mais em elas do que em nós. As janelas altas estão todas a falar.


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(Continua)

"Podia ser o fim de qualquer Amor" - 3a Parte

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Fica só muito tempo do tempo todo que não se soube como passou. O amor é um trabalho de atenção. Diz que sim. Basta um abrir e fechar de olhos e perdeu-se. E o coração lançado à rua, desempregado de repente. Num dia de sol. O amor é uma força que não presta para mais nada. O que é que se pode fazer?




O que se pode fazer quando o amor nos larga? De repente há tempo para ler, tempo para os amigos, tempo para o trabalho, tempo para o olhar. Diz que sim. Há tempo para tudo, mas é tudo sem querer.
E depois um dia acorda-se, vai-se á mesa, lê-se a última página do último livro que se tinha para ler, abre-se a agenda, e verifica-se que tudo está em ordem e que se está finalmente em dia.

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(continua)