terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O cair das Máscaras__Menina do Alto da Serra


Caiu o pano, cairam as máscaras...
repetes algures o enredo desta peça
que escreveste um dia, encenaste, representas e
que tens em permanente exibição,
mantendo o mesmo elenco bolorento,
com excepção da primeira figura
feminina.

Porque precisas dela para sobreviver,
dos afectos, das atenções
que alimentas sem intenção
de guardar e velar,
Como bom Corsário
que és não sabes construír
apenas pilhar e roubar.

Vais, assim, assumindo em sucessivos e novos palcos,
o papel que se colou
ao teu rosto e alma,
entrando pela calada
da noite nos portos de abrigo
que encontras nesses mares
em que navegas,
conquistando com o teu eterno queixume e
lamento, música e falsas doçuras,
os corações das recatadas donzelas
que te devotam palavras de ânimo e
puro afecto e, envoltas numa cega ilusão,
cheias de pena pelas tuas (falsas) penas,
juram resgatar-te da escuridão
e conduzir-te à luz que finges querer alcançar...

Tudo levas que te alimente o ego, nada dás em troca além
de choro e crueldade
e partes, não como vieste,
mas deixando bem presente o teu lastro de destruição,
nas casas incendiadas, nas donzelas violentadas,
no choro desenfreado,
nas louças partidas e livros rasgados pelo chão,
fruto da tua acção malvada.