domingo, 27 de junho de 2010

A viagem



















A viagem não acaba nunca.

Só os viajantes acabam.

E mesmo estes podem prolongar-se em memória,

em lembrança, em narrativa.

Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:

“Não há mais o que ver”, saiba que não era assim.

O fim de uma viagem é apenas o começo de outra.

É preciso ver o que não foi visto,

ver outra vez o que se viu já,

ver na primavera o que se vira no verão,

ver de dia o que se viu de noite,

com o sol onde primeiramente a chuva caía,

ver a seara verde, o fruto maduro,

a pedra que mudou de lugar,

a sombra que aqui não estava.

É preciso voltar aos passos que foram dados,

para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles.

É preciso recomeçar a viagem.

Sempre.