quinta-feira, 8 de julho de 2010

As Sete Penas do Amor Errante





Eu não sei se os teus olhos se gaivotas

mas era o mar e a Índia já perdida

as ilhas e o azul o longe e as rotas

minha vida em pedaços repartida.



Eu não sei se o teu rosto se um navio

mas era o Tejo a mágoa a brisa o cais

meu amor a partir-se à beira-rio

em uma nau chamada nunca mais.



Eu não sei se os teus dedos se as amarras

mas era algo que partia e que

ficava. Ou talvez cordas de guitarras

ó meu amor de embarque desembarque.



Eu não sei se era amor ou se loucura

mas era ainda o verbo descobrir

ó meu amor de risco e de aventura

não sei se Ceuta ou Alcácer Quibir.



Eu não sei se era perto se distante

mas era ainda o mar desconhecido

ou Camões a penar por Violante

as sete penas do amor proibido.



Eu não sei se ventura se castigo

mas era ainda o sangue e a memória

talvez o último cantar de amigo

amor de perdição amor de glória.



Eu não sei se teu corpo se meu chão

mas era ainda a terra e o mar. E em cada

teu gesto a grande peregrinação

das sete penas do amor lusíada.