sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Atreve-te a Julgar - Joaquim Pessoa























Atreve-te a julgar. Julga os outros julgando-te a ti mesmo.
A natureza das coisas é a tua natureza. Respira-te, despe-te, faz amor com as tuas convicções, não te limites a sorrir quando não sabes mais o que dizer. Os teus dentes estão lavados, as tuas mãos são amáveis, mas falta-te
decisão nos passos e firmeza nos gestos.

Procura-te. Tenta encontrar-te antes que te agarre a
voracidade do tempo.

Faz as coisas com paixão. Uma paixão irrequieta,
que não te dê descanso
e te faça doer a respiração. Aspira o ar, bebe-o com força, é
teu, nem um centavo pagarás por ele.

Quanto deves é à vida, o que deves é a ti mesmo. Canta.

(...)


in Vou-me embora de mim, Ed. Hugin, 2000, págs. 21-23