domingo, 22 de agosto de 2010

Não escrevas - António Arnaut



















Não escrevas. As palavras
Já não sublevam a lembrança.
Se queres acordar essa louca
aventura de criança,
manda-me apenas o espelho de bolso
onde desenhavas
a rubra flor da tua boca,
e ambos cabíamos 
como num retrato miniaturial
do paraíso.
Manda-mo sem demora
esse espelho oval:
quero ver se o teu sorriso
ainda marca a mesma hora.

in "Outros Sinais", poema 37