sábado, 21 de agosto de 2010

Metereologia - Maria Cristina de Araújo




Vai, amor!
Deixa-me sózinha!
Não posso dar à tempestade de ontem
a vitória de te fazer sofrer;
nem quero que o que há de riso prolongado
neste dia de Verão, ao entardecer,
acabe por repartir contigo a minha dor.

Por agora, prefiro andar sózinha pelos sonhos fora.
Quem sabe se, algum dia,
vais aparecer, de novo, pela primeira vez?
Se tivermos depois força para acertar as almas,
o tempo não poderá troçar de nós!
Hei-de mandar, então,

pôr sol e chuva onde achar melhor!
Raios e gotas d'água a horas certas,
névoa para um passeio às escondidas
numa estrada recta de luar.
(curvai-vos, pinheiros, vamos a passar!
curvai as vossas mágoas verticais
que nunca hão-de chegar onde quereis!...)