terça-feira, 9 de novembro de 2010

Chuva no Deserto - Menina do Alto da Serra

A manhã sombria trouxe o caudal imenso, infindo de lágrimas


com que o universo por mim chora o ruir de sonhos,

a queda de anjos.

As minhas lágrimas, essas, secaram...não as encontro.

Estranhamente, EU, que sou feita da essência do mar salgado

e da doçura branda dos rios e de plácidas lagoas,

descubro em mim este deserto,

vasto, árido e sem limite de horizonte

no caminho que os meus pés encetam...


.........

Ah, vou deixar-me levar, assim, entre esta tempestade de areia,

sem rumo certo, à deriva do vento.

Na certeza de que, algures, um oásis

esperará por mim e um arco-íris - como o que espreita neste momento

as nuvens que asfixiam o dia - será então,

reflexo da nascente que correr pelos meus olhos.