quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Faial - Visão das Ilhas por Victor Rui Dores




Minha ilha marinheira, de cabelos desalinhados pelo vento. És apetecível como a quilha de um barco. Ou como a boca que sabe a cerveja. Ou como o gin tónico da amizade universal.

Os turistas nunca compreenderão as cinzas aquietadas do teu Vulcão, nem a catedral do silêncio da tua Caldeira. A tua verdade mais profunda está na luz marítima da tua cidade da Horta. E está na viagem mil vezes retomada. Porque em ti cabem todos os veleiros do mundo.

Esperei por ti no Café da Marina. Tardaste e entretive-me a olhar os iatistas a caminharem, com gestos lentos, por cima dos pontões. Eles, de troncos nus e reluzentes, são os lobos dos sete mares, altos e trigueiros. Elas, de cabelos loiros e olhos límpidos de mar, são sereias ondulantes... Ei-los que chegam trazidos por ventos de feição. Aqui repousam das marítimas aventuras. Aqui retemperam forças para retomar a roda do leme. Aqui festejam a alegria reencontrada dos sentidos...

... E depois partem. Porque a errância é o seu destino, a sua forma de perseguir a felicidade e o sonho. Lá vão eles. Oceanicamente livres.