sábado, 4 de setembro de 2010

Para que tu vivas - Hilda Hilst




Para poder morrer

Guardo insultos e agulhas

Entre as sedas do luto.

Para poder morrer

Desarmo as armadilhas

Me estendo entre as paredes

Derruídas

Para poder morrer

Visto as cambraias

E apascento os olhos

Para novas vidas

Para poder morrer apetecida

Me cubro de promessas

Da memória.

Porque assim é preciso

Para que tu vivas.